REDAÇÃO CENTRAL, 9 de abr de 2019 às 15:00
Lidia Bastianich é uma famosa chef italiana que teve a oportunidade de cozinhar para Bento XVI e o Papa Francisco nas suas visitas aos Estados Unidos em abril de 2008 e setembro de 2015, respectivamente.
Bastianich, que se declara católica e devota da Virgem Maria, indicou à CNA – agência em inglês do Grupo ACI – que as duas experiências foram "extraordinárias" e as "recordo vivamente".
Antes de cada viagem apostólica, reúnem uma equipe de cozinheiros e camareiros no país anfitrião. Além disso, a Santa Sé deve aprovar a proposta do cardápio.
Bento XVI
"Quando me pediram para que cozinhasse para o Papa Bento XVI, não podia acreditar que isso estivesse acontecendo. Lembro que eu ri e disse: 'Claro Monsenhor, eu adoraria, mas é sério?'”, comentou.
A também apresentadora de programas de culinária na televisão e autora de mais de dez livros de receitas, explicou que, enquanto decidia o cardápio para Bento XVI, ficou sabendo que a mãe do Papa alemão havia sido cozinheira. Por isso, quis evocar "algumas boas recordações culinárias".
Lidia Bastianich saudando Bento XVI nos Estados Unidos / Foto: Vatican Media
Pediram para que ela preparasse os jantares para dois dias: o primeiro jantar era para o Pontífice e 50 cardeais e bispos, e o segundo era mais íntimo, para celebrar os 80 anos de Bento XVI.
No primeiro jantar, a entrada era uma salada de feijão com queijo ricota preparado com leite de cabra, cebolas em conserva e amêndoas torradas; em seguida serviram ravióli com queijo pecorino e peras, risoto com urtigas, feijão, peixe assado com batatas e salada de alface. A sobremesa era um strudel de maçã com sorvete de baunilha e mel.
Para o jantar de aniversário e o terceiro aniversário do pontificado de Bento XVI, Bastianich e a sua equipe preparam de sobremesa uma torta de damasco e queijo ricota, e uma torta de chocolate e avelãs com a frase "Tu es Petrus", coroada com uma mitra maçapão muito alta.
Bento XVI disse a Bastianich que a comida "estava muito boa. São os sabores da minha mãe". Estas palavras deixaram a chef feliz, pois "eu queria fazer com que ele se sentisse em casa".
Outro momento especial foi o convite do Papa Ratzinger para que ela e a sua equipe o acompanhassem a escutar um dos diplomatas a tocar violino.
Papa Francisco
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Em 2015, quando soube que iria cozinhar para o Papa Francisco, Bastianich propôs ao Vaticano um cardápio argentino com muita carne, mas foi rechaçado, pois a comida deveria ser leve, devido à saúde do Pontífice.
Deste modo, Bastianich propôs pratos que recordassem a ascendência italiana de Francisco. No primeiro jantar em Nova York, ela preparou tomates com queijo burrata artesanal e lagosta cozida no vapor; sopa de capão com ravióli ‘Grana Padano’, medalhões de carne com milho e tomate fresco. A sobremesa foi um sorvete de uva com um bolo chamado "bolo de anjo".
Bastianich e a sua equipe também prepararam o café da manhã do Santo Padre, com suco de laranja, chá e torrada. Além disso, à noite tinham que deixar um copo d’água e uma banana na sua mesa de cabeceira.
Uma das lembranças mais valiosas de Bastianich foi a visita surpresa de Francisco depois do almoço na sexta-feira, 25 de setembro.
Ela e a sua equipe estavam na cozinha tomando café enquanto o Pontífice descansava. Então, ouviram que os responsáveis pela segurança do Santo Padre corriam e gritavam: "Papa, Papa!".
"De repente, nós o vimos (o Papa Francisco) entrar na cozinha. Ele olhou para nós e disse: ‘Posso tomar um café, por favor?’. Tomou um pouco de café e conversou com cada um de nós. Ele permaneceu durante cerca de 20 minutos conosco, naquela cozinha simples, e nós estávamos vestidos com as nossas roupas de chef. Foi muito especial, maravilhoso", contou.
Bastianich recordou que antes de ir embora, o Papa "colocou a mão no bolso e entregou um terço para cada um, e disse: 'rezem por mim'. Foi extraordinário".
Lidia Bastianich com o Papa Francisco nos Estados Unidos / Foto: Vatican Media
Lidia Bastianich nasceu em 1947 em Pula (Croácia) em uma família católica. Naquela época, esta cidade fazia parte da Itália, mas depois passou a fazer parte da Iugoslávia.
Devido ao governo comunista que controlava a Iugoslávia, teve que ser batizada em segredo e aos dez anos fugiu com a sua família para a Itália. Ela passou outros dois anos em um campo de refugiados e logo depois se mudou para os Estados Unidos, onde desenvolveu a sua carreira de chef e teve a honra de cozinhar para dois Papas.
Confira também:
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— ACI Digital (@acidigital) 5 de abril de 2016